terça-feira, 28 de setembro de 2010

Frase da Semana

“Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé” (Tm 4:7).
Ouvi essa frase nesta semana e ela mexeu muito comigo. Ela é da Bíblia, no livro de Timóteo 4:7. Mal sabia eu que ela iria significar tanto na minha vida. Peguei a primeira parte da frase
“Combati o bom Combate...”, a pergunta que fiz a mim mesmo refletindo foi: De que forma estou resolvendo os problemas que aparecem na minha vida? Será que estou combatendo um bom combate ou um mau combate? Qual a diferença do bom e do mau combate?
O mau combate é aquele que usamos nossas atitudes de forma não inteligente e com força bruta, não só a força física, mas também a força moral e verbal, para tentar resolver determinadas situações. Um exemplo bem claro dessa realidade, que faz parte do cotidiano de muita gente, é o fato de não gostarmos de nossos gestores ou coordenadores. Muitos não sabem dar soluções de maneira pacífica e respeitosa e, acham que a melhor forma de resolver é gritando para impor respeito. Respeito não se impõe, se conquista. Tenho pena desse tipo de “profissional” que acha que as pessoas são como um cachorro, basta dar um grito e ele sai com o rabinho entre as pernas... Mal sabem eles que até os cachorros estranham seus donos e podem atacá-los a qualquer momento. Combater o bom combate está relacionado à como resolver determinadas situações usando 100% de sabedoria. Um grande exemplo é Jesus. Não lembro de ter visto na Bíblia nem nunca ouvi dizer, que Jesus gritava com seus apóstolos e com as pessoas para quem ele tanto pregava. Isso abre discussões da forma como é pregada a palavra de Deus nas Igrejas. É com gritos ou com trocas de experiências e testemunhos? Como é resolvido problemas no âmbito ministerial? É com sabedoria ou com fofocas? No nosso trabalho como procuramos resolver determinadas situações: jogando a culpa em quem não tem nada haver ou sendo rude igual aos nossos gestores?
Isso mostra com vão indo nossas atitudes.A segunda parte da frase: “Terminei a Corrida...”
Ela me inspira dizer que independentemente de como foi ou qual foi o tamanho da luta, se lutamos sabiamente mais cedo ou mais tarde terminaremos aquilo que começamos, mesmo com muitas dificuldades. Nosso problema, volto a dizer, está em desistir. Quantas vezes desistimos sem nem tentar? Olhamos apenas o tamanho do problema, esquecemo-nos de nossas capacidades e qualidades. Não acreditamos em nós mesmos e queremos que outras pessoas acreditem. Os problemas sempre irão persistir e ganhar de você. Tenho várias frases que andam comigo diariamente, uma delas é: “Se o problema é difícil seja mais difícil que ele”. No filme “Lula, O Filho do Brasil” a mãe de Lula sempre dizia: Tem que teimar, é só teimar.
Com certeza ela não falava para o filho ser um cara teimoso, que questiona tudo e todos e que só faz o que bem entende. Teimar em correr atrás de seus objetos caso eles não venham prejudicá-lo ou prejudicar outras pessoas. Isso é combater o bom combate.
A terceira e ultima parte da frase: “...Guardei a Fé”. Vem mostrar que, tudo na vida vale como aprendizado. Somos capazes de passar por muitas coisas, mas isso ainda não nos garante que iremos realizar nossos objetivos daí as pessoas fracas se seguram na desculpa de que não há chances de realização. O que ganhamos com todo trabalho que tivemos? Experiência, sabedoria, aprendizado, paciência, e o reforço de nossa fé em Deus e em nós mesmos. Estaremos melhor preparados para receber outros desafios. Essa fé nos fará acreditar que nossa capacidade e nossa inteligência são as melhores armas que possuímos. A inteligência é a capacidade de analisar, pensar, planejar e executar algo melhor em cima de um determinado desafio. A diferença de um homem burro e um homem inteligente é que o inteligente usa a inteligência que tem...
Não sou teólogo nem estudioso, mas procuro agregar valor aos meus aprendizados dentro de meu cotidiano. Sei que essa passagem diz muito mais e reconheço minhas limitações, mas só compreenderemos fatos narrados na Bíblia se deixarmos que o Espírito Santo venha nos revelar. Isso depende da relação que você tem com Deus.


quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Professor, O Chaveiro da Educação

Dois anos atrás, passei na seleção para docente do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). A oportunidade para ocupar de fato o cargo veio em Abril de 2010, por causa do “boom” das instalações de novas indústrias no pólo industrial de SUAPE. O SENAI necessitava de professores qualificados para a formação de novos profissionais nas diversas áreas técnicas.

Passei por treinamentos, conheci a empresa, fiz até curso de oratória para aprender algumas técnicas de como falar melhor em público. Diferentemente dos depoimentos ouvidos por mim de professores da rede pública e também da rede privada, que relatam que não recebem treinamento devido. “Somos jogados na jaula dos Leões sem saber como se doma um”. Talvez seja uma deficiência das universidades nos cursos de licenciatura ou quem sabe, os estudantes não valorizam as técnicas e estudos passados no período universitário e ficam parecendo um peixe fora d’água.

Fui ser professor do SENAI Cabo que possui como foco SUAPE. Minha área de atuação é a eletricidade. Vi que ser professor realmente não é uma tarefa fácil. Lidar com pessoas dos mais diversos gêneros é que é difícil. Tive problemas com alguns alunos. É impossível agradar a todos, mas é possível agradar e despertar uma grande maioria.

Tive problemas com uma turma que eu achava que eles não tinham interesse em estudar e, que o único objetivo deles naquele curso era conseguir o certificado e não o conhecimento. Isso gera desmotivação em preparar aulas melhores, pesquisar, trazer coisas novas, acabamos achando ser trabalho em vão. Na verdade eles não conheciam o valor maior do conhecimento, não tiveram a mesma oportunidade que eu e muitos outros. Um dia houve uma reunião com os professores e coordenadores pedagógicos onde foram discutidos assuntos sobre práticas pedagógicas e o incentivo a pesquisa no âmbito educacional. Minha postura era achar que aquilo tudo era uma perda de tempo quando falamos alunos que não querem melhorar, triste de mim que ainda não sabia o que era ser professor.

Após as discussões, foi passado um vídeo muito interessante sobre o SENAI Cabo, sua trajetória com algumas fotos de alunos, professores e funcionários, pessoas que fizeram parte da história. No fim nada fazia sentido com o que foi discutido na reunião. Depois do vídeo, uma das coordenadoras contou a história de um aluno que estava dando muitos problemas ao SENAI. Tentaram várias formas para reverter à situação. Até os pais do garoto foram chamados e a resposta que tiveram da mãe do mesmo foi: O que eu posso fazer? Ele não escuta ninguém...

Esse menino era tão difícil que filmou e colocou um vídeo na internet com brincadeiras absurdas com seus colegas de turma e de outras turmas. O nome do vídeo era: “O SENAI é massa”. Imediatamente os Professores e coordenadores se reuniram para discutir uma solução para o problema. A maioria era a favor da expulsão, outra parte era a favor da suspensão do aluno ou de penas mais severas. Os professores que davam aula na sala daquele aluno não acreditavam na recuperação do aluno e afirmavam que não dariam mais aula caso o mesmo estivesse em sala. Foi ai que um dos professores presentes teve uma idéia e compartilhou: “Por que nós não damos uma pena para ele parecida com o que ele fez de errado? Minha proposta é dar mais uma chance. Sua pena por ter colocado o vídeo será fazer um novo vídeo sobre o SENAI, só que contendo o verdadeiro dia-dia do SENAI desde o primeiro dia e não o dia-dia que ele gostaria que fosse. Esse vídeo será apresentado no auditório para todos os estudantes”.

O resultado foi um vídeo interessantíssimo. O aluno foi aplaudido por seus colegas e por professores. Para se ter uma idéia, o SENAI usa o vídeo para divulgar seu trabalho nas escolas públicas e privadas. Outra coisa interessante, que na verdade é a idéia chave desse trabalho, foi que desde o dia do auditório esse aluno nunca mais foi o mesmo. Começou a ser pontual nas aulas, deixou as brincadeiras de lado, recuperou todas as notas, acabou o curso e o melhor, hoje os coordenadores contam que ele está trabalhando e é um excelente profissional.

Depois desse depoimento relatado na reunião eu nunca mais fui o mesmo. Percebi que o mais bonito em nosso trabalho e, o maior desafio, é conseguir entrar no universo único de cada aluno. Se agente conseguir a chave desse universo os resultados são insuperáveis. O problema é que não existe um chaveiro para fazer esse tipo de chave. Nós é que o somos. Nosso trabalho é direcionar esses alunos na aplicação dos estudos em suas vidas e para isso precisamos conquistar a confiança deles. Gosto muito de uma frase de Richard Bach: “Aprender é descobrir aquilo que você já sabe. Ensinar é lembrar aos outros que eles sabem tanto quanto você”. Muitos professores não aprenderam e não sabem como aplicar seus conhecimentos em sua própria vida. Então como eles podem ensinar? Mas isso eu deixo para outras discussões.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O que é a Prisão?

“Dois homens olharam através das grades da prisão; Um viu a lama, o Outro as estrelas.”

A frase em que começo meu quinto post, é de um cara bastante conhecido entre os mais religiosos: Santo Agostinho.

O que você veria se estivesse numa prisão? Já se imaginou prezo? A prisão é algo que nos provoca sentimentos variados. Em alguns provoca medo, indignação, raiva, menosprezo. Já algumas pessoas sentem alívio, esperança, saudades, desejos de reencontro... Essa pequena palavra tem por traz um significado muito forte. Quando se fala em prisão pensa-se automaticamente em pessoas que estão pagando por crimes cometidos contra a sociedade. É uma “medida socioeducativa”, quando na realidade serve apenas para treinar indivíduos para praticar crimes de forma mais inteligente, sem serem pegos novamente. Sabemos hoje, que a maior escola do crime é as cadeias e prisões brasileiras. As pessoas ficam prezas, enclausuradas, muitas vezes em situação precária e desumana. Quando saem da prisão percebem que precisam resgatar sua dignidade, trabalhar e se autossustentar. Mas eu faço uma simples pergunta a você. Qual é a perspectiva que um ex-preso tem ao sair da cadeia? Onde esse cara vai trabalhar? Já que nós somos “bonzinhos” iremos levá-los para trabalhar em nossa casa.

Criticar é fácil, difícil é conseguir resolver o problema. Voltemos para a frase chave do texto: “Dois homens olharam através das grades da prisão; Um viu a lama, o Outro as estrelas.” O que viu a lama realmente irá continuar na lama, ele não consegue enxergar mais nada, já o outro ver as estrelas e quando sai da cadeia o que é que ele vê? Ele tem vontade de mudar, mas não encontra a oportunidade necessária. Isso é o que deveria nos deixar indignados. Por que esse é o ciclo sem fim do crime organizado no Brasil. A televisão nos mostra o tempo todo o que é ter padrão de beleza, o que é legal de se comprar, que é bom ter dinheiro, que é bom estar na mídia. Essas coisas frustram qualquer pessoa. Imagine uma pessoa sem base, sem formação, sem estrutura mental e sem pessoas equilibradas que o orientem para a vida... Eu sei, é claro, que isso não justifica ter que voltar ao erro, mas quantas vezes erramos pelas mesmas coisas? Somos teimosos mesmo quando nossos pais e nossos familiares nos orientam. Como você explica a anorexia? Só dá em filhos de pessoas de bom padrão social e cheias de instrução, por quê? E nem vou falar sobre a Depressão...

Vivemos presos dentro de nós mesmos, não precisamos estar necessariamente nunca cadeia precária pra estar preso. Estamos presos quando não conseguimos enxergar além das coisas que parecem óbvias. São justamente essas coisas que parecem óbvias que nos prendem, nos acorrentam e, nos impedem de sermos pessoas livres e nos fazem ser dependentes de outras pessoas. Somos tolos quando decidimos viver em função do amor de outra pessoa. Quando essa pessoa resolve ir embora ou morre, pronto! O mundo acaba.

Uma pessoa se torna livre quando ela enxerga que algo ruim pode ter algo bom. Bom para aprender coisas novas, bom para não repetir erros e bom para acertar nas próximas vezes. Tem gente que tem pavor de errar qualquer coisa que seja, até nas brincadeiras do “par ou impar” ela não joga com medo de perder. As pessoas querem ser “deus” o tempo todo e esquecem que são apenas serem humanos, que erram e acertam, que caem e levantam, que aprendem e desaprendem, que decepcionam e conquistam outras pessoas. Esquecem que a pessoa mais importante de nossa vida é agente mesmo, e que eu só posso me decepcionar comigo mesmo caso não vá atrás de meus sonhos.

Quando agente se ama, agente procura o que é bom para nós. Agente consegue analisar as pessoas do nosso convívio e saber se elas nos fazem bem, temos critérios próprios. Quando agente se ama aprende a ter paciência e espera por algo futuro porque sabe que quando se realizar, ficaremos felizes. Quando agente se ama não se entrega para uma pessoa qualquer porque sabe que depois pode vir a sofrer se essa pessoa nos deixar. Quando agente se ama procura ler coisas boas e se informar porque isso faz bem para o nosso cérebro e para nossa alma. Não adianta ter o corpo sarado e uma “cabeça de vento”, será igual uma máquina que realiza várias coisas, mas depende de outras pessoas para pensar. Quando agente se ama procura melhorar todos os dias mesmo que seja muito pouco para outras pessoas. Quando agente se ama elogia outras pessoas e reconhece nelas a importância devida, porque isso afasta o sentimento de inveja do nosso coração. E por fim, quando agente se ama consegue se colocar no lugar de outras pessoas e vê que se fosse com agente, com certeza, desejaríamos mais uma chance.

Não é preciso andar de avião para poder voar. Basta querer ver as estrelas e assim será.